Nunca me despedi de ti.
Amar-te-ei sempre - dizia.
E amei. Irei amar.
Nunca me despedi de ti.
Seria como que despedir-me de mim também
Fui-me embora a amar-te
Com a certeza de que o futuro não me traria algo assim de novo
Nem precisava.
Um amor tão doentio de paixão e poesia.
De pura sinceridade e toxicidade abstrata.
Um amor de escritores.
Que só se escreve uma vez.
E assim nunca me despedi de ti.
Amar-te-ei sempre.
Não a pessoa que és hoje, que foste ontem ou serás amanhã.
Amarei somente o homem que achei amar-me incondicionalmente.
Que, talvez nem tenha nem existido.
Talvez a minha alma de poetisa te tenha desenhado somente na imaginação.
Essa teimosa, essa mesmo, a que te amará sempre, ainda que tenha demorado tanto tempo a perdoar-te por não honrares o que viveste a seu lado, por tamanha posterior falta de respeito.
Nunca me despedi de ti.
Não sei sequer se exististe, apercebo-me.
E que triste que é ter vivido um amor destes, sozinha.
Talvez seja isto, talvez te irá amar sempre pela dor também.
Mas a caneta falha e eu sei que está na hora.
De finalmente me despedir de ti.
Sabes, não sou mais quem fui.
Não acredito mais em contos de fadas nem ilusões irreais.
Permaneço escritora de coração nas mãos e brilho no olhar.
Um olhar maduro.
Não sou mais quem fui.
E não te levarei comigo.
Ficarás sempre com a alma de poetisa, somente.
Assim me despeço.
Com palavras.
As que nos faziam sentido.
Sempre quis um amor calmo.
Mas nunca tive a sorte de o viver.
Quando te conheci o teu olhar denunciou-te.
Mas não quis acreditar.
Como poderia?
Como poderia ainda acreditar no amor sabes?
Tu e a tua calmaria pediram-me para entrar e eu deixei.
Como poderia não o fazer?
Sempre quis um amor calmo
E um dia sem saber como ou porquê
Tu chegaste.
Mas nunca tive a sorte de o viver.
Quando te conheci o teu olhar denunciou-te.
Mas não quis acreditar.
Como poderia?
Como poderia ainda acreditar no amor sabes?
Tu e a tua calmaria pediram-me para entrar e eu deixei.
Como poderia não o fazer?
Sempre quis um amor calmo
E um dia sem saber como ou porquê
Tu chegaste.
Eu sou a carta que não quiseste ler
O avião que não quiseste apanhar
A viagem que não quiseste fazer
Eu sou a mensagem ignorada
A pergunta não respondida
Eu sou apenas mais uma na tua lista
Poderia ser a última
Se quisesses
Mas riscas o nome e segues
Como se nunca me tivesses tocado
Como se não me tivesses olhado dessa forma
Como se não me quisesses beijar naquela noite
Como se tudo não passasse de algo que só eu mesma criei
Quando foste tu que escreveste a primeira ilusão no meu corpo
Foste tu que avançaste
Foste tu que tentaste
E quando conseguiste…
Desististe.
Como se eu não tivesse valor algum.
Por isso eu sou apenas a luz que não quiseste ver brilhar
Sou apenas insuficiente
A carta que não quiseste ler.
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