Este blogue existe desde que me lembro, e sempre foi o meu canto, onde pude e posso ser o mais verdadeira possível.
Neste momento sinto que estou num processo de auto conhecimento muito profundo.
A sociedade incute que somos boas ou más pessoas derivado ao que possuímos, ao emprego que conseguimos, ao salário que retiramos desse mesmo, à casa, carro... Etc.
Infelizmente fui educada assim, deveria ter ido para medicina porque só assim teria respeito, já para não falar do dinheiro claro.
Nunca pude admitir aos meus pais que gostava de escrever, que gostava de pintar, que as cores me apaixonam e assim que toco numa caneta ou num pincel sinto-me instantaneamente em casa.
Não seria boa pessoa o suficiente se fosse artista e eu aceitei.
Segui algo que me incutiram, tornei-me o melhor que pude nisso e ainda assim não era feliz.
E tentei, acreditem que tentei muito mudar de perspetiva, de atitudes e agradecer.
Mas o meu coração passava as horas apertado, eu sabia e sentia que não havia sido feito para aquilo.
Todos os dias passava metade do meu dia a ir contra mim por dinheiro mas era uma boa profissional e isso fez-me ficar sempre.
Sem me aperceber isso deu-me uma falsa confiança. Uma falsa segurança.
Como se fosse boa pessoa porque tinha um bom emprego, porque chegava ao final do dia com o sentimento de dever cumprido.
E quando a vida me tirou isso, eu caí.
Porquê eu? Dei sempre o meu melhor. Afinal enganei-me e não sou assim tão boa? Porquê a mim?
Duvidei do meu talento, da minha pessoa.
Mesmo sabendo que foi a melhor coisa que me poderia ter acontecido e iria ter a oportunidade de finalmente fazer algo de que realmente gosto.
A falsa confiança desapareceu e eu senti-me sem nada, como se fosse nada, um nada imenso em ansiedade.
Aí começou este auto conhecimento de que falei.
Afinal, quem sou eu.
O que gosto de fazer.
O que quero fazer.
Tudo isto sem passar 8h a trabalhar para outro alguém, sem ter a desculpa do cansaço, sem esse típico tópico de conversa.
É que eu sempre quis mudar um pouco do mundo, torná-lo um pouco mais justo, dar voz a quem não tem, mas perdia-me sempre pela falta de tempo.
Quando me apercebi que o tinha, finalmente, quis fazer tudo, não consegui e a ansiedade invadiu-me.
Parei.
Deixei tudo.
Inspirei e expirei.
Não fiz nada por uns dias.
Acalmei a minha necessidade de estar sempre a ser produtiva e perfeccionista.
Até que entendi... Não me conheço profundamente. É verdade que fiz a hipnose, revi tudo aquilo que vivi, todos os traumas que outros me causaram, perdoei-os, guardei todas as ferramentas necessárias para uma saúde mental saudável mas não investi tempo em mim, a ler, pintar, escrever, o que for.
E é exatamente nesses momentos que nos conhecemos verdadeiramente.
Não é fácil mas vale a pena.
A sério que vale.
Eu vou mas volto sempre.
E é esta vida tão única e diferente que faz de mim a escritora que sempre fui.

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