Obrigada.
Pela sensação de casa.
Pela definição de família.
Pelas memórias.
Algumas das melhores que poderia ter.
Eu sei que demorei a crescer.
Colocaste-me num berço de ouro durante demasiado tempo e eu nunca o poderei criticar, mostraste-me o quanto me amavas ao querer proteger-me do mundo inteiro, sozinha.
Mas demorei mesmo, a crescer.
E contigo, teria demorado ainda mais, acredito eu.
Afinal, o berço de ouro que sempre me ofereceste era puro conforto.
Quando me deixaste, sem saberes, tornaste-me mulher.
Empurraste-me do abismo e eu caí.
Para me levantar, sozinha, e dele sair, sozinha.
Comigo. Por mim.
No chão tornei-me humilde.
Limpei as minhas feridas.
Pedi desculpa pelos meus erros.
Aprendi a definição de gratidão e a amar-me, cada dia um pouco mais.
Sei hoje que tudo tinha de ser exatamente como foi.
Tu tinhas de ir à tua vida.
Para eu ir à minha.
Desculpa se te magoei também, afinal, estavas só a dar o teu melhor nesta vida que às vezes nos impõe rasteiras.
Perdoo-te por tudo.
Agradeço até, cada lágrima, dor, caos, berro, chapada, agradeço também o medo e o terror.
Fez de mim quem sou.
E eu juro, juro por tudo que não troco quem sou hoje pelo que quer que seja.
Passei de gostar de ti acima de tudo, para gostar de mim, acima de tudo.
Não te enganes, continuo a amar-te.
Serás sempre tu.
Diferente todos os dias, uns melhor, outros pior. Uns minha, outros desconhecida.
Acredita que sentirei sempre gratidão por te ter de volta, ainda que só por um dia, às vezes uma hora, outras somente uma conversa.
Apercebo-me da quantidade de saudades que tenho tuas quando voltas, quando oiço a tua gargalhada, quando reconheces o meu humor somente pelo tom da minha voz, quando partilhas peripécias que fiz, quando és tu, somente tu.
Mas está tudo bem, escolhes ser assim, quem sabe um dia escolhas ser feliz, de uma vez por todas.
Eu, eu sou feita de amor e essa é a minha maior verdade, o meu melhor escudo.
Com amor, e por amor, tudo valerá a pena.
Obrigada por me colocares neste mundo.
Ele precisava do meu brilho.
E tu também.