Não sei se ouvirás as palavras que te escrevo mas quero acreditar que sim.
Quero acreditar que estarás sempre junto a mim. 
Que o teu corpo morreu mas a tua alma permanece. 
Despedi-me de ti tantas vezes na esperança que se torna-se mais fácil mas não, não de todo.
Só queria mais um segundo. Mais um. Mais uma memória. Mais. Mais. Mais. 
13 anos foi pouco. Tão pouco para te ter. 
Crescemos juntas. Estiveste do meu lado em cada etapa da minha vida e não havia mais ninguém a quem quisesse voltar como a ti.
Entraste-me pela casa e desde esse dia que me ensinaste o que é o amor. 
O puro. 
O amor chama-se luna. O amor és tu meu amor. Minha irmã. Minha companheira de vida. 
Derreteste o meu coração gelado. Ensinaste-me a definição de paciência. Não desististe de mim nem eu de ti, mesmo com esse mau feitio todo.
Amar-te-ei para todo o sempre. Repito isto desde esta manhã, baixinho, na esperança que me oiças.
Amar-te-ei para todo o sempre Luna. 
Refugio-me nas palavras numa tentativa de alívio mas a morte, o raio da morte é uma merda que dói demasiado.
Desculpa-me por tanto choro, sei que abominavas o meu choro, a minha tristeza, sei que fazias os impossíveis para que parasse. Eu sei. 
Prometo melhorar. Por ti.
Tu mereces descansar em paz. Minha guerreira.
Eu e os pais ficamos bem, tivemos a sorte de te ter e porra, que benção gigante. 
Pedi-lhes para não chorarem também, não sei se conseguem cumprir, mas sei que vão tentar. 
Por ti tentamos tudo meu amor.
Agora descansa. Descansa muito. 
Aposto que tinhas o leão à tua espera tal e qual tu o esperaste meses a fio à porta de casa.
Aposto que tens toda a comida do mundo à tua disposição e se tiveres saudades desde mundo é somente pelas tuas almofadas preferidas, os meus pés. 
O céu hoje tornou-se mais bonito.
Porque tu estás lá.
Amar-te-ei eternamente Luna.
Eternamente.