Continuo a percorrer os corredores dos museus como se a tua mão ainda estivesse na minha.
Continuo a comentar com alguém aquilo que te iria dizer a ti.
Continuo a deixar o teu lado da cama imaculado à espera que te venhas deitar.
Continuo a ligar-te na esperança que atendas.
Continuo a falar às pessoas de nós como se ainda estivesses do meu lado.
Continuo a imaginar o rosto dos nossos filhos.
Continuo a cozinhar para dois.
Continuo a esperar-te, todos os dias.
Continuo aqui.
Continuo a sentir-te.
No frigorífico ainda está o teu pedido de casamento no guardanapo do nosso restaurante preferido, todos os dias olho para ele quando acordo e lembro-me do teu sorriso naquele momento, o mais sincero que alguma vez havia conhecido.
Continuo a imaginar-te à minha espera no altar.
Continuo a dizer-te que sim, dia após dia.
Continuo a amar-te. Tão mais do que naquele dia chuvoso em que essa palavra me saiu dos lábios.
Continuo, apenas.
Sem ti.
Mas com o nosso amor.
Esse que me faz continuar.
Até ao dia em que me juntar a ti na eternidade.