Devia ter guardado num pote de vidro o bater do teu coração.
A timbre da tua voz.
O som da tua gargalhada.
Devia ter guardado num bloco de notas a cor dos teus olhos.
Se é que existe neste mundo algum lápis que a possa descrever.
Devia ter guardado uma camisola tua no armário.
Um bilhete.
Uma fotografia.
Devia ter guardado algo físico.
Acredito eu.
Quando te foste embora deitei tudo fora mas guardei-te na mente.
Cada segundo, minuto, hora ficou gravado como que a ferro quente na minha memória.
E isso não se apaga.
Por isso...
Devia ter guardado o teu toque.
O teu andar.
Dentro de outro pote de vidro.
Assim poderia parti-los talvez.
Na esperança de me esquecer de te lembrar.