Aos 18 anos o cancro mudou a minha vida toda.
Levou-me quem mais amava psicologicamente e ainda hoje sinto a sua falta.
Felizmente não fui eu que o tive.
Mas aos 21 anos sofri pela possibilidade de o ter.
Aos 26 também.
E decidi deixar o medo da palavra de lado.
O medo de ter.
De sofrer.
Perder.
O cancro existe. Ponto final.
Não é mau nem bom.
É o nome que se dá a um conjunto de células que de desenvolveram da maneira errada portanto malignas.
É só uma palavra.
Como tantas outras.
Aos 26 anos olhei para a minha vida e apercebi-me que quero tanta coisa que seria uma merda ter cancro.
Mas se tivesse?
Não baixava os baixos até me curar.
Ou não. Poderia não ter cura.
E então? O que tiver de ser, será.
Assim como se cair e partir um braço terei de descansar para que vá ao lugar.
O meu corpo sabe o que faz.
Eu sei também o amor que lhe dou.
A gratidão que sinto por cada milésimo meu.
Está tudo bem.
Está sempre tudo bem, aconteça o que acontecer.
O cancro mudou a minha vida.
Fez-me mulher muito cedo.
E eu hoje entendi que precisava de perdoar essa palavra.
Essa fase menos boa.
Eu hoje entendi que acima de tudo, absolutamente tudo, estamos nós e a nossa saúde.
O resto é resto.
Cancro. Uma palavra feia, achava.
Acho hoje, um abre olhos.
🤍